quarta-feira, 5 de julho de 2017

     Minha experiência no Recanto - por Ana Clara Sousa  
   

      Após dois anos em uma escola tradicional, em 2014, tomei a decisão de estudar no Recanto. Não sabia muito quais expectativas criar ou o que esperar dessa nova vivência mas fui. Cheguei e digo com certeza que nunca fui tão bem recebida na vida. A escola me acolheu, os funcionários e principalmente os alunos. Começar a estudar no Recanto foi me sentir à vontade pra ser eu mesma todos os dias. Fiz e desfiz amizades com pessoas extremamente diferentes, tive a oportunidade de transitar entre diversos grupos, de aprender e de ensinar. 
      O Recanto me ensinou a ser tolerante, a considerar a vivência do outro sempre, a escutar e a saber meu momento de falar. Lá eu criei amizades as quais formaram o ser político que sou hoje, amadureci, mudei de opiniões, briguei com alunos e com professores. Entretanto, acredito que o maior legado que eu levo do Recanto é sempre seguir o meu sonho mas seguir o meu sonho pensando em mudar e em ajudar o outro.
     Discutimos política, religião, arte, música e mais uma diversidade de coisas que o mundo nos obriga a lidar. Tivemos contato com pessoas de fora dispostas a nos passar tudo aquilo que acreditava e fizemos trabalhos de campo que nem as universidades fazem. E isso porque a escola nos mostrou que não se conhece o mundo só de dentro da sala de aula. 
      Alguns criticam esse modelo de escola principalmente por desacreditar que seja possível aprender os conteúdos exigidos e ter uma formação humana ao mesmo tempo. E sempre afirmo, o conteúdo foi dado e ainda acrescento que além do conteúdo ter sido dado, nunca ninguém do Recanto irá menosprezar profissões e escolhas alheias por estarem fora dos padrões. A maioria dos meus companheiros por mais divergentes que sejam as opiniões, são pessoas que se formaram com a consciência de qual o seu papel no mundo. 
     Outro ponto que me fez amar cada dia mais o recanto foi a relação que eu tive com todos os funcionários. A alegria do Tio Zé era algo que deixava minhas manhãs mais felizes. E sobre meus professores, assumo que eles construíram a maioria do ser que eu sou hoje. Eles foram meus amigos, me deram esporros, conheceram cada detalhe da minha personalidade, tiveram paciência e confiaram em mim e naquilo que eu me tornaria. 
      Após toda essa jornada extremamente intensa que são os três anos do ensino médio, cheguei ao final do meu terceiro ano e optei por fazer história. E minha opção foi por acreditar na educação como a mudança do mundo. O Recanto mudou a minha vida e eu acredito que posso mudar o mundo de muitas pessoas dentro da sala de aula. Passei por períodos conturbados no terceiro ano, por crises existenciais e todo aquele clima de terceiro ano. E minha escola Recanto do Fazer foi o ambiente que me fez acreditar que eu conseguiria sem toda a pressão do mundo a fora.
      Eu, com a ajuda de toda a equipe do Recanto consegui passar pra História e Geografia na UFF e História na UERJ. Porém, a maior vitória que eu tive foi ter me transformado em uma pessoa que busca sempre entender o que será melhor para o mundo. Para muitos, o objetivo da escola é aprovar os alunos na universidade. O Recanto aprovou muitos, mas isso não quer dizer que são esses que fazem do Recanto uma escola melhor, porque até aqueles que não passaram, são pessoas que sabem do que querem, pessoas bem resolvidas e pessoas que independente da escolha que tomarem, farão de uma forma humana.
    A minha experiência no Recanto foi uma experiência libertadora. Amadurecer e usar com sabedoria a nossa liberdade. Depois de três anos dentro de uma escola que eu considerava minha casa, eu digo com muita certeza, todas as escolas deveriam ser iguais ao Recanto!